Grupo com 30 produtores rurais da Polônia está interessado nas tecnologias aplicadas na região dos Campos Gerais
Imagens: Klé Gabriel
Por oito dias, um grupo de 30 agricultores poloneses em expedição pelo Brasil pretende extrair da cultura brasileira mais que apenas a diversão do carnaval. Eles estão em busca de conhecimento técnico e científico sobre a produção de grãos. A comitiva, que chegou ao país no último sábado (10), começou a excursão nesta segunda-feira (12) por Castro, na região dos Campos Gerais do Paraná. Eles visitaram uma indústria de equipamentos agrícolas e duas fazendas para conhecer as técnicas de cultivo locais, especialmente a do plantio direto na palha.
“Gostei de tudo no Brasil, do clima, do samba, do carnaval, dancei um pouquinho. Mas, o que mais admirei foi que o Brasil consegue fazer duas colheitas por ano. Na Europa, temos só uma safra”,
diz Jolanta Motlawscy, produtora rural polonesa, afirmando estar impressionada com o que está conhecendo por aqui.
Os estrangeiros estão no Brasil o convite da TOP Agrar Polônia e Alemanha, uma revista especializada em máquinas agrícolas. Com a ajuda de dois guias e um sistema de tradução em tempo real por fones de ouvido, o grupo consegue transpor a barreira linguística.
Sandy Schöler, agropecuarista de Londrina e agenciadora da viagem, ajuda nessa comunicação e garante que a troca de informações é importante também para mudar a imagem errada que os europeus têm do Brasil.
“Eles têm conhecimento apenas através da mídia e é melhor verem a realidade com os próprios olhos. Principalmente sobre as leis ambientais, que não são divulgadas na Europa. É importante a gente mostrar que elas existem e que são seguidas aqui”, descreve. “Eles querem fazer esse intercâmbio para saber como outros países trabalham. Como o Brasil é um grande exportador, eles têm muito interesse em conhecer as condições do agronegócio daqui”, reitera.
Fábrica
A comitiva começou o dia na fábrica da Granfinale Sistemas Agrícolas, do Grupo Calpar. Fundada em 2001, produz equipamentos para secagem, limpeza, classificação, transporte e armazenagem de grãos, café e cacau utilizados em todo o Brasil e no Paraguai. Na sede da empresa, o diretor comercial Paulo Bertolini, que também representa a Maizall – Aliança Internacional do Milho (entidade que agrega produtores do Brasil, Argentina e Estados Unidos, países responsáveis pela metade da produção de milho do mundo), apresentou em estatísticas a potência que o Brasil é no agronegócio. Ele destacou principalmente os aspectos positivos da agricultura no cuidado com o meio ambiente. “Quase metade de toda a área de mata nativa preservada no país está dentro das propriedades rurais e é mantida pelos agricultores sem nenhum incentivo governamental”, pontuou.
“É importante mostrar aquilo que é feito pela agricultura brasileira, pelos bons agricultores e pecuaristas do Brasil, e trazer para eles uma realidade que eles não têm. Eles têm uma narrativa na Europa de que o Brasil produz destruindo o meio ambiente e o que eles veem quando estão aqui é algo totalmente diferente. É uma agricultura sustentável do ponto de vista ambiental, social e econômico. Lá eles não são sustentáveis ambientalmente, eles fazem muita aeração e destruição do solo, por erosão; eles não são sustentáveis financeiramente porque dependem de subsídios, e socialmente não sustentáveis à medida que impõem uma visão de mundo para outros países, principalmente países pobres que não têm o que comer, e querem botar uma visão ambientalista distorcida, anticapitalista muitas vezes, e que torna o alimento mais caro para essas populações. Nosso trabalho é mostrar a realidade e é simples, é fácil, é só mostrar o que a gente faz e o resto é para eles pensarem”, completa Bertolini.
Fazendas
Na sequência, a comitiva de poloneses foi a campo visitar a propriedade rural de Jan Haasjes na Castrolanda, que neste momento tem instalada uma cultura de feijão branco. Na lavoura, os estrangeiros viram como a planta está se desenvolvendo sobre a palha do milho, uma amostra do sistema de plantio direto na palha, técnica hoje reconhecida mundialmente como ambiental e economicamente sustentável por aumentar a produtividade e preservar o solo.
Eles também ganharam, na versão em inglês, edições do livro “O Solo Ensinou: Plantio Direto Um Caminho para o Futuro”, de Franke Dijkstra, agricultor de Carambeí que foi um dos pioneiros no desenvolvimento da técnica.
Depois do almoço, com o tradicional churrasco brasileiro, a excursão seguiu para a primeira fazenda robotizada da América Latina, na Castrolanda. A ARM Genética de Armando Rabbers é referência na utilização de tecnologia na produção de leite de forma ininterrupta, com ordenha a qualquer hora do dia e da noite.
Nesta terça-feira (13), os visitantes ainda irão a Palmeira, também na região dos Campos Gerais do Paraná, para conhecer mais sobre o sistema de plantio direto na fazenda Agripastos, do pioneiro Nonô Pereira, hoje administrado por Manoel Pereira.
Em seguida, o grupo fará uma pausa turística em Foz do Iguaçu e depois devem passar por fazendas do Mato Grosso. O retorno para a Polônia está previsto para acontecer no fim de semana. Ao todo, são onze dias de viagem.
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